Bolsonaro preso: decisão de Moraes cancela visitas de Tarcísio, Castro e Caiado; veja lista
22/11/2025
(Foto: Reprodução) Ex-presidente Jair Bolsonaro é preso
Uma das consequências da prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), na manhã deste sábado (22), é o cancelamento de todas as visitas pedidas e autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal ao político.
A decisão afeta pelo menos 26 visitas pedidas ou já autorizadas nos últimos dias, incluindo:
o governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas;
o governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro;
o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (veja a lista completa abaixo).
Até este sábado, Bolsonaro estava em prisão domiciliar em condomínio Solar de Brasília, no Jardim Botânico – uma área nobre do Distrito Federal, composta por casas de alto padrão.
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Lá, Bolsonaro vinha recebendo visitas de aliados e apoiadores. Nesta sexta-feira (21), o ex-presidente chegou a receber o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG).
Os pedidos eram enviados pela defesa do ex-presidente ao ministro Alexandre de Moraes, relator do processo que deu origem à prisão domiciliar. E, via de regra, os pedidos eram aceitos.
Na decisão deste sábado, que converteu a prisão domiciliar em preventiva, Moraes determina:
"O cancelamento de todas as autorizações de visitas deferidas ao réu Jair Messias Bolsonaro nos autos da AP 2.668/DF."
Carro da Polícia Federal em frente à casa do ex-presidente Jair Bolsonaro, em Brasília, na manhã deste sábado
Arquivo pessoal
Lista completa
No último dia 13, Moraes tinha autorizado as seguintes visitas, previstas para começar na próxima segunda (24) e ir até 11 de dezembro:
Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo;
Claudio Castro (PL), governador do Rio de Janeiro;
Ronaldo Caiado (União Brasil), governador de Goiás;
Adolfo Sachsida, economista;
Bruno Scheid, vice-presidente do PL em Rondônia;
Cleidimar da Silva Moreira, padre de Goiânia (GO);
Evair Vieira de Melo (PP-ES) , deputado federal;
Guilherme Derrite (PP-SP), deputado federal e ex-secretário de Segurança de SP;
José Medeiros (PL), senador;
Odelmo Leão Carneiro Sobrinho (PP), deputado federal;
Pablo Henrique de Faria, padre da cidade de Iporá, em Goiás;
Paulo M. Silva;
Ubiratan Antunes Sanderson (PL), deputado federal.
Uma outra lista de pedidos, protocolada esta semana, ainda não tinha sido avaliada por Moraes:
Bia Kicis (PL), deputada federal;
Julia Zanatta (PL), deputada federal;
Carlos Portinho (PL), senador;
Sostenes Cavalcante (PL), deputado federal;
Sebastião Coelho, ex-desembargador do TJDFT;
Tiago Pavinatto, jornalista;
Padre Kelmon, ex-candidato à presidência da República;
Onyx Lorenzoni, ex-chefe da Casa Civil de Bolsonaro;
Antônio Machado Ibiapina, dirigente do PL;
Gilvan Aguiar Costa (PL-ES), deputado federal;
Giovani Cherini (PL), deputado federal;
Lenildo Mendes (PL-PA), deputado federal;
Almirante Flávio Augusto Viana Rocha, ex-Secretário Especial de Assuntos Estratégicos.
Bruno Bierrenbach Bonetti, secretário estadual do PL no Rio;
Augusto Nunes, jornalista;
Abílio Brunini (PL), prefeito de Cuiabá (MT).
Prisão preventiva
A prisão preventiva foi solicitada pela Polícia Federal ao STF e autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes.
De acordo com a decisão, a prisão foi determinada após o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) convocar uma vigília em frente ao condomínio do ex-presidente, na noite de sexta-feira (21).
🔎 A prisão preventiva é uma medida que não tem prazo fixo estabelecido e deve ser reavaliada periodicamente pela Justiça.
Na decisão, Moraes apontou risco de fuga. Segundo ele, o Centro de Monitoração Integrada do Distrito Federal comunicou ao STF a violação da tornozeleira eletrônica do ex-presidente às 0h08 deste sábado.
O ministro também afirmou que a convocação da vigília “indica a possível tentativa de utilização de apoiadores” de Bolsonaro para “obstruir a fiscalização das medidas cautelares e da prisão domiciliar” da qual o ex-presidente era alvo.
Veja decisão que decretou a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro
O ministro escreveu que, embora o ato tenha sido apresentado como uma vigília pela saúde de Bolsonaro, “a conduta indica a repetição do modus operandi da organização criminosa liderada pelo referido réu”, com o uso de manifestações para obter “vantagens pessoais” e “causar tumulto”.
“Rememoro que o réu, conforme apurado nestes autos, planejou, durante a investigação que posteriormente resultou na sua condenação, a fuga para a embaixada da Argentina, por meio de solicitação de asilo político”, escreveu Moraes.
Moraes também destacou que o condomínio onde Bolsonaro cumpria prisão domiciliar fica a cerca de 13 quilômetros do Setor de Embaixadas Sul, em Brasília — distância que, segundo ele, pode ser percorrida em menos de 15 minutos de carro.
O ministro também citou os deputados Alexandre Ramagem, Carla Zambelli e Eduardo Bolsonaro. Segundo ele, os três deixaram o país para tentar escapar da Justiça, o que reforça o risco de fuga do ex-presidente.
Em outro trecho, Moraes cita que um vídeo publicado por Flávio Bolsonaro “incita o desrespeito ao texto constitucional, à decisão judicial e às próprias instituições”.
Prisão
Bolsonaro foi detido por volta das 6h e reagiu com tranquilidade à prisão. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro não estava em casa no momento da detenção.
O comboio que transportava o ex-presidente chegou à sede da Polícia Federal às 6h35. Após os trâmites iniciais, Bolsonaro foi levado para a Superintendência da PF no Distrito Federal, onde ficará em uma "Sala de Estado" — espaço reservado para autoridades como presidentes da República.
Veja imagens do comboio que levava Bolsonaro à sede da PF
Ao chegar na superintendência, Bolsonaro realizou exame de corpo de delito. Agentes do Instituto Médico-Legal (IML) foram até o local para realizar o procedimento e evitar exposição desnecessária.
Em nota, a Polícia Federal informou que cumpriu um mandado de prisão preventiva expedido por decisão do STF. A defesa de Bolsonaro afirmou que, até as 6h40, ainda tinha sido informada da prisão do ex-presidente.
Veja o trajeto percorrido por Bolsonaro após a prisão na manhã deste sábado (22)
Bolsonaro estava em prisão domiciliar desde 4 de agosto. À época, o ministro Alexandre de Moraes decretou a medida por descumprimento de medidas cautelares impostas ao ex-presidente.
À época, Moraes afirmou que Bolsonaro usou redes sociais de aliados – incluindo seus três filhos parlamentares – para divulgar mensagens com “claro conteúdo de incentivo e instigação a ataques ao Supremo Tribunal Federal e apoio ostensivo à intervenção estrangeira no Poder Judiciário brasileiro”.
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Infográfico: Bolsonaro é preso preventivamente em Brasília e vai para a superintendência da PF
Arte/g1
Condenação e pedido da defesa
Bolsonaro foi condenado a 27 anos e 3 meses de prisão pelo STF, em setembro, por tentativa de golpe de Estado. A condenação ainda não transitou em julgado e segue em fase de recursos. A prisão deste sábado, porém, não tem relação com essa condenação.
Na sexta-feira, a defesa de Bolsonaro pediu ao ministro Alexandre de Moraes que substitua o regime inicial fechado por prisão domiciliar humanitária.
No pedido protocolado pela defesa, os advogados afirmam que Bolsonaro tem “quadro clínico grave”, sofre de “múltiplas comorbidades” e que uma eventual transferência para o sistema prisional representaria “risco concreto à vida”.
A defesa informou que vai recorrer da condenação, mas havia pedido a adoção urgente da medida, para que Bolsonaro permanecesse em casa enquanto o caso não fosse concluído.
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