Brasileira e irmão da porta-voz de Trump travaram batalha judicial acirrada pela guarda do filho
08/12/2025
(Foto: Reprodução) Brasileira que é mãe do sobrinho da secretária de imprensa de Trump é detida pelo ICE
A brasileira Bruna Ferreira, mãe do sobrinho da porta-voz de Donald Trump, Karoline Leavitt, que foi detida há quase um mês pelo Serviço de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE), trava uma batalha pela guarda do filho há anos com o ex, Michael Leavitt.
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Segundo o jornal americano "The Washington Post", que fez uma entrevista exclusiva com Bruna, diretamente do centro de detenção onde ela está na Louisiana, ao longo da última década, diversos juízes determinaram que o casal compartilhasse a guarda de Michael Leavitt, atualmente com 11 anos, e resolvesse suas diferenças fora dos tribunais.
A brasileira deu à luz seu filho em março de 2014. Meses depois, o casal terminou o noivado e a batalha pela guarda do filho logo se tornou acirrada. No tribunal, o ex-casal trocou acusações de abuso e negligência. Ela o acusou de ter lhe feito ameaças de deportação.
Bruna com o filho, Michael Leavitt Junior
Arquivo Pessoal
Em abril de 2015, Leavitt entrou com um pedido de guarda principal do filho em um tribunal de New Hampshire, alegando que Bruna o havia empurrado durante uma discussão quando o casal viajou para a Flórida. Contou que ela voltou para casa sem ele, buscou o filho na casa dos avós e ameaçou levá-lo para o Brasil.
A brasileira negou as acusações e, em documentos judiciais, acusou Leavitt de abuso, afirmando que, no dia do seu chá de bebê, ele a empurrou embriagado, socou paredes e quebrou portas. Michael também negou tudo.
Ainda de acordo com o jornal, em abril de 2020, Bruna Ferreira retornou ao tribunal alegando que Michael Leavitt lhe devia milhares de dólares em pensão alimentícia e se recusava a deixá-la passar tempo com o filho.
Ela também afirmou que Michael Leavitt havia usado intimidação com base em seu status imigratório para impedi-la de visitar o menino. Ele negou as alegações nos autos do processo.
Dias depois, a juíza do tribunal de família, Polly Hall, ordenou que Leavitt compartilhasse a guarda, conforme exigido pelo plano parental.
Em 2021, o casal concordou que o filho moraria com o pai durante a semana enquanto frequentava a escola em New Hampshire. Ferreira o visitaria e o levaria para casa na maioria dos fins de semana. Ela também tinha permissão para levá-lo ao Brasil durante as férias de verão e para obter a dupla cidadania brasileira para ele, conforme mostram os documentos do processo.
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Desde que a brasileira foi presa pelos agentes do ICE, o gabinete de imprensa da Casa Branca tem a retratado como uma mãe ausente que não fazia parte da vida de Karoline Leavitt há anos. Em mensagens trocadas com o "Post", o irmão dela Michael Leavitt, de 35 anos, corroborou as declarações e afirmou que Bruna nunca morou com o filho.
No entanto, em documentos judiciais que ele apresentou em New Hampshire em 2015, ele escreveu que compartilhavam uma casa e os registrou no mesmo endereço. Bruna Ferreira também mencionou o apartamento que dividiam em um artigo de jornal local de 2014.
Na reportagem, o casal sorridente, então com pouco mais de 20 anos, posou ao lado do filho recém-nascido e Bruna disse à repórter que se sentia grata:
"Não precisamos de muita coisa. Temos saúde. Temos um bom apartamento. Somos realmente abençoados".
Moradora de Massachusetts há muitos anos, Bruna Ferreira chegou aos Estados Unidos em 1998, aos 6 anos de idade, para se juntar aos pais, após ter sido criada pela avó no Brasil. Em 2012, tornou-se elegível para um programa da era Obama destinado a imigrantes indocumentados que chegaram ao país ainda crianças.
Na entrevista que deu ao jornal americano, a brasileira contou que, antes da prisão, sua rotina consistia em trabalhar administrando suas duas empresas - de limpeza e de roupas -, frequentar aulas de ioga e passar tempo com o filho. Que o leva para a escola, torce por ele em seus jogos esportivos e mantém seu quarto cheio de ursinhos de pelúcia, videogames e luvas de boxe, “tudo o que um menino precisa”.
De acordo com os advogados de defesa de Bruna, Michael e o pai, Bob Leavitt, disseram à irmã dela nas últimas semanas que Ferreira deveria se "autodeportar" e tentar retornar legalmente, uma medida que, segundo seus advogados, seria desastrosa: de acordo com a lei federal, Ferreira ficaria proibida de retornar aos Estados Unidos por uma década.
"É uma armadilha", garante o advogado dela, Todd C. Pomerleau.
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