Confira os medicamentos mais falsificados no Brasil e veja como se proteger; novela Três Graças faz alerta

  • 15/11/2025
Confira os medicamentos mais falsificados no Brasil; rês Graças faz alerta Ingerir remédios falsificados e ver o quadro de saúde só piorar pode parecer uma situação vista mais na ficção, como no enredo da novela Três Graças. Mas em países de baixa e média renda, 1 em cada 10 produtos médicos em circulação é falsificado ou subpadronizado (de qualidade inferior), de acordo com os dados mais recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS). Como o Brasil é um país de média-alta renda, de acordo com o Banco Mundial, essa estatística não se aplica a nós e não há um ranking de falsificação global. Ainda assim, o tema preocupa órgãos de saúde brasileiros, principalmente quando se trata de medicamentos vendidos pela internet. Na novela das 21h, a personagem Lígia, vivida por Dira Paes, sofre de uma doença rara chamada hipertensão arterial pulmonar (HAP) e toma medicamentos distribuídos gratuitamente pela Fundação Ferette, comandada por Murilo Benício. O vilão recebe de laboratórios a doação de remédios verdadeiros, mas os substitui por placebos feitos de farinha, produzidos numa fábrica clandestina que ele mesmo monta. Já os remédios verdadeiros são revendidos no mercado paralelo, por um valor abaixo da tabela e com pagamento em dinheiro vivo. No Brasil da vida real, produtos mais caros, como canetas emagrecedoras, toxina botulínica e remédios para câncer, estão entre os mais frequentemente encontrados na lista de medicamentos falsificados, segundo o Conselho Federal de Farmácia (CFF). Além da falsificação, muitas vezes, esses produtos também são importados irregularmente ou são objeto de roubo. Ao ingerir medicamentos falsificados, o paciente – além de não melhorar - pode ter uma piora do quadro de saúde, sofrer intoxicação, interações medicamentosas não esperadas e diversas alterações no organismo, como da pressão arterial e dos níveis de glicose. Já produtos verdadeiros que foram roubados têm a eficácia comprometida quando não são armazenados de forma correta. Especialistas alertam que o consumidor deve desconfiar de preços muito abaixo dos praticados no mercado, de embalagens adulteradas e com erros de grafia e sem a chamada ‘raspadinha’ – um retângulo branco que, quando raspado com objeto metálico, evidencia a logo do fabricante. Além disso, a legislação impede que uma farmácia seja 100% remota. Ou seja: toda farmácia, seja convencional ou de manipulação, precisa ter um estabelecimento físico e aberto ao público, mesmo que venda também pela internet. A indústria farmacêutica alega que as farmácias de manipulação têm fiscalizações menos rigorosas que as convencionais. Já o setor de farmácias de manipulação destaca que cumpre uma série de regulamentos. A Anvisa informou o g1 que as análises de controle de qualidade de medicamentos são focadas em produtos produzidos em série – de farmácias convencionais - e que que a produtos manipulados são monitorados pelas vigilâncias sanitária locais. Abaixo, nesta reportagem, você vai ver: Os medicamentos mais falsificados atualmente no Brasil Como saber se um medicamento é original Como verificar se uma farmácia convencional é regularizada O perfil das farmácias irregulares Dicas de como escolher uma farmácia de manipulação Como denunciar Os desafios para o setor e as autoridades O mercado farmacêutico em números O papel do farmacêutico no combate à falsificação Estima-se que os países gastem US$ 30,5 bilhões por ano com produtos médicos subpadronizados e falsificados. Esses produtos são frequentemente vendidos online ou em mercados informais. Segundo a ONU, populações vulneráveis, países sem proteção social e nações com sistemas de saúde frágeis são mais sujeitos ao risco, mas o problema é global. Nenhuma região está imune e tanto países desenvolvidos quanto em desenvolvimento enfrentam suas consequências devastadoras. Atualmente há mais de 94,7 mil farmácias convencionais no país, segundo dados da IQVIA e Close-Up International, dois institutos de auditoria do mercado. Já as farmácias de manipulação somam cerca de 8 mil. O país ocupa a oitava posição mundial em consumo de medicamentos, de acordo com dados da IQVIA de 2024. Confira os medicamentos mais falsificados no Brasil e veja como se proteger Adobe Stock “Compre seu medicamento na farmácia que você conhece. Não compre remédio em barraca, em feira livre, na porta do metrô. E se o valor estiver barato demais, desconfie”, alerta o presidente-executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma), Nelson Mussolini. O aumento recente de roubos de canetas emagrecedoras em farmácias tem feito muitos estabelecimentos reduzirem os estoques. Assim, o paciente tem passado a comprar mais no site da farmácia antes de ir buscar pessoalmente, ou pedir para receber em casa. Além disso, o porta-voz do Sindusfarma destaca que medicamentos de tarja vermelha devem ser adquiridos somente com receita de um profissional de saúde. “Um remédio com a dosagem errada pode fazer mal. Hoje é muito fácil obter uma receita porque há a teleconsulta”, acrescenta. 1. Os medicamentos mais falsificados atualmente no Brasil De acordo com o CFF, em 2025, os medicamentos mais frequentemente encontrados na lista de medicamentos falsificados até o momento, de empresas desconhecidas, foram: Botox: marca de toxina botulínica usada para amenizar linhas de expressão) Dysport: marca de toxina botulínica tipo A) Mounjaro: tirzepatida, que age como análogo do hormônio GLP-1) Keytruda: medicamento injetável usado para tratar vários tipos de câncer, incluindo melanoma, câncer de pulmão, de estômago, de cabeça e pescoço, de células renais, câncer cervical, câncer colorretal e linfoma de Hodgkin. Opdivo: medicamento injetável usado para tratar vários tipos de câncer, assim como o Keytruda. Durateston: propionato de testosterona (hormônio masculino) Oppy: analgésico opiáceo forte, de tarja preta, utilizado para alívio de dor intensa. Cloridrato de fluoxetina: indicado para o tratamento da depressão, associada ou não a ansiedade, da bulimia nervosa, do transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e do transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM), incluindo tensão pré-menstrual (TPM), irritabilidade e disforia. Nelson Mussolini explica que as farmácias de manipulação não fazem as canetas emagrecedoras, mas fazem a injeção e usam as marcas da indústria, que são propriedade intelectual. “Você encontra de tudo. Se procurar pelo nome da marca da caneta, acrescentando a palavra ‘manipulado’ ou ‘em comprimido’, aparecem inúmeros anúncios. Eles mudam a fórmula do produto e usam uma fórmula farmacêutica que não é registrada na Anvisa”, alerta Mussolini. 2. Como saber se um medicamento é original As embalagens de medicamentos regularizados possuem um lacre ou selo de segurança, que, ao ser riscado com um objeto metálico, expõe a logomarca do fabricante. Segundo a Abrafarma, é muito difícil perceber casos de falsificação, pois a cópia é “muito profissional, com quase nenhuma diferença na embalagem, por exemplo”. Para saber mesmo sobre o conteúdo real, é necessário submeter o item a testes em laboratórios especializados, o que leva meses, diz Barreto. Segundo o CFF, entre os sinais que indicam que um medicamento pode ser ilegal ou irregular, estão: Ausência de registro ou notificação na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Na embalagem, há o número de registro composto por 13 dígitos. Além disso, pode-se realizar a consulta do medicamento na página eletrônica da Anvisa; Indisponibilidade em farmácias, serviços de farmácia hospitalar ou outras unidades do sistema nacional de saúde; Venda por canais não autorizados, como ambulantes, feiras, sites eletrônicos não autorizados ou farmácias não regulamentadas; Embalagens adulteradas, erros de impressão, ortografia incorreta, cores diferentes das originais; Ausência de selo de segurança (pequena tarja pintada de branco), que, ao ser riscado com um objeto metálico, expõe a logomarca do fabricante. Ausência de informações obrigatórias, como validade, lote e registro na Anvisa; Lacres violados ou inexistentes; Desvios de qualidade (alterações de aspecto, cor, odor, sabor ou volume); 💲 Preços muito abaixo do mercado e venda fora de estabelecimentos confiáveis (como farmácias); Alegações de serem superiores aos tratamentos autorizados sem comprovação científica. Em casos de roubo de caminhões com medicamentos, a legislação obriga a comunicação à Anvisa sobre os lotes roubados e exige o recolhimento do lote. Mas, segundo a Abrafarma, os lotes produzidos pela indústria farmacêutica abrangem milhares de itens. Muitas vezes o caminhão é roubado com um lote que foi enviado em muitos outros caminhões para muitas localidades e já não é possível interditar todo o lote. Segundo a Anvisa, para todos os casos de falsificação identificados pela agência, são publicadas resoluções de proibição, que servem para alertar as vigilâncias sanitárias do país, consumidores e órgãos policiais. Qualquer suspeita de falsificação ou ineficácia de um medicamento pode ser relatada à Anvisa por seus canais de notificação ou à vigilância sanitária do município. 3. Como verificar se uma farmácia convencional é regularizada As grandes redes de farmácias estão apenas nas 1.100 maiores cidades brasileiras e a informalidade é comum nas cidades menores e até mesmo na periferia das maiores, de acordo com a Abrafarma. De acordo com resolução da Anvisa, o estabelecimento deve manter em local visível ao público: A licença ou alvará sanitário A Certidão de Regularidade Técnica Razão social; Número de inscrição no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas; Número da Autorização de Funcionamento de Empresa (AFE) expedida pela Anvisa; Número da Autorização Especial de Funcionamento (AE) para farmácias, quando aplicável; Nome do farmacêutico responsável técnico e de seu(s) substituto(s), seguido do número de inscrição no Conselho Regional de Farmácia; Horário de trabalho de cada farmacêutico; E números atualizados de telefone do Conselho Regional de Farmácia dos órgãos estadual e municipal de Vigilância Sanitária. Para verificar a regularização de uma farmácia, o cliente pode consultar os seguintes órgãos e seus respectivos sistemas: Anvisa: a agência tem um sistema que permite verificar se a empresa possui a autorização da Anvisa para funcionar. Conselho Regional de Farmácia (CRF): para atestar a situação legal do estabelecimento e do farmacêutico responsável e para buscar a certidão de regularidade, o cliente pode consultar o site do CRF do estado onde a farmácia está localizada (ex: CRF-SP, CRF-RJ, CRF-MG, etc.), procurar por "Consulta Certidão de Regularidade", "Consulta CRT" ou "Consulta Pública". A Anvisa destaca que a farmácia é um estabelecimento regulado pela agência e que cabe a elas seguirem a regulação e adquirirem medicamentos somente de distribuidoras e fabricantes autorizados pela Anvisa. Toda a cadeia produtiva de medicamentos é fiscalizada pelo Sistema Nacional de Vigilância Sanitária. 4. O perfil das farmácias irregulares Um vendedor não regulamentado, muitas vezes não registrado, que vende medicamentos e outros produtos de saúde representa uma farmácia informal. A farmácia irregular prospera em áreas com acesso limitado a cuidados de saúde formais, como comunidades urbanas pobres e cidades pequenas, oferecendo conveniência, preços acessíveis e serviços flexíveis, destaca Carolina Maria Xaubet Oliveira MSc, PhD do Centro Brasileiro de Informação sobre Medicamentos (CEBRIM). “Em comunidades carentes e cidades pequenas, por exemplo, podem ocorrer vulnerabilidade e oportunismo, medicamentos falsificados/contrabandeados, dispensação informal e comércio em locais não autorizados”, destaca Oliveira. 5. Dicas de como escolher uma farmácia de manipulação Farmácias magistrais, popularmente conhecidas como de manipulação, são aquelas que produzem medicamentos de forma individualizada, a partir de prescrição médica. As fórmulas são personalizadas por diferentes motivos, como: para quem tem intolerâncias ou restrições em quantidade necessária para o período de tratamento, de forma a impedir sobras sem componentes que possam causar alergias ou intolerâncias ao paciente com uma apresentação diferente daquela vendida em larga escala, como um medicamento em gotas para crianças que é normalmente vendido como comprimido, por exemplo. Esses estabelecimentos, por lei, só podem produzir a partir da prescrição médica personalizada, ou seja, não podem produzir em larga escala, para atender a necessidades específicas. Eles também não podem ter médicos como proprietários, para não haver conflitos de interesse. Confira dicas de como escolher uma farmácia de manipulação segundo a Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag): Prescrição obrigatória de um profissional de saúde: nenhum produto ou medicamento pode ser manipulado sem receita de um médico, nutricionista, dentista, farmacêutico ou outro profissional de saúde habilitado. A prescrição garante que o tratamento seja adequado e respeite as necessidades individuais do paciente. Presença de farmacêutico responsável: toda farmácia de manipulação tem um farmacêutico presente durante o horário de funcionamento. Esse profissional é responsável por esclarecer dúvidas, orientar o paciente e supervisionar toda a manipulação do medicamento e dos produtos de saúde. O paciente pode entrar em contato com o farmacêutico mesmo após a compra do produto para pedir orientações. Registro e fiscalização: toda farmácia de manipulação possui alvará de funcionamento da Vigilância Sanitária e deve estar devidamente regularizada junto ao Conselho Regional de Farmácia (CRF). Essas certificações são obrigatórias, estão expostas na área de recepção da farmácia e asseguram que o estabelecimento segue normas técnicas. Estrutura adequada e boas práticas: o ambiente deve transmitir segurança, limpeza e organização. Deve igualmente ser bem iluminado e ter a área de recepção aberta ao público durante todo o horário de funcionamento. Informação transparente: uma farmácia de manipulação fornece nota fiscal, instruções de uso e etiquetas completas nos frascos, indicando dosagem, lote, validade, modo de conservação, nome do paciente e do profissional que prescreveu a fórmula. Com a ordem de produção do medicamento, é possível fazer um rastreamento da medicação. “A farmácia de manipulação legal nunca sabe o que vai ser pedido. É como se fosse um restaurante sem cardápio. Empresas que vendem medicamentos pela internet, em massa e sem pedido de profissional de saúde são irregulares. O alvará precisa estar exposto na recepção. Desconfie de empresas mal iluminadas, sujas, em salas fechadas e sem farmacêutico”, orienta Marco Fiaschetti, farmacêutico e diretor executivo da Anfarmag. 6. Como denunciar Medicamentos falsificados e farmácias irregulares podem ser denunciados pelo consumidor aos seguintes órgãos: Procon Vigilância Sanitária local Conselho Regional de Farmácia Anvisa Polícia local 7. Os desafios para o setor e as autoridades A Abrafarma destaca que, além da falsificação, o produto sem registro e criado em fundo de quintal também deve ser combatido. “Podemos falar em uma verdadeira teia criminosa de produção e venda desses itens sem qualquer punição. Há anos marketplaces online são denunciados à Anvisa e não se faz nada”, afirma Sérgio Mena Barreto, CEO da Abrafarma. “O país caminha perigosamente nessa área, simplesmente porque formulações que não existem, ou seja, são literalmente inventadas por manipuladores inescrupulosos, são vendidas livremente em marketplaces em todo o país”, diz Barreto. Ele acrescenta que não se trata somente de falsificar um item conhecido. O que não tem registro na Anvisa não pode ser vendido. “Há proibição expressa na legislação que não é obedecida. É um problema muito maior, um verdadeiro caso de polícia”, diz. Divergência entre setores: indústria e manipulação O setor da indústria farmacêutica afirma que as farmácias de manipulação têm processos menos rigorosos que as convencionais e são motivo de preocupação maior quando se fala em medicamentos falsificados. Já o setor de farmácias de manipulação destaca que cumpre uma série de regulamentos para garantir que a sociedade tenha acesso a produtos personalizados e seguros. “Os falsificadores produzem em lotes e as farmácias de manipulação vendem de forma individualizada. Se não vender assim, não é farmácia de manipulação. Além disso, o produto 100% manipulado é 100% rastreado. Um falsificador pode ter um registro de indústria de alimentos ou de indústria de suplementos, por exemplo”, destaca Fiaschetti. Avanços após o crime de falsificação virar hediondo O Sindusfarma afirma que, desde que a falsificação de medicamentos no Brasil virou crime hediondo, houve uma redução muito grande nas falsificações de remédios registrados (não manipulados). Essa mudança ocorreu após uma grande onda de falsificação de um medicamento para câncer de próstata chamado Androcur. Matéria-prima de origem duvidosa preocupa o setor Mussolini afirma que o Sindusfarma não tem recebido muitas informações dos associados sobre falsificações em farmácias convencionais, mas ele alerta para a importação de matéria-prima de baixa qualidade e a fabricação de alguns desses produtos. “Emagrecedores são feitos, por exemplos, por farmácias de manipulação que não poderiam fazer isso. É normal você ver propaganda de produtos cuja origem da matéria-prima a gente não conhece. E como são produtos manipulados, você não pode falar que são falsificados”, explica Mussolini. “Há um controle muito rígido quando você está dentro da indústria. Quando você está em farmácias de manipulação, ou em outros importadores cuja procedência a gente desconhece, isso pode realmente acontecer. Não deveria existir farmácia de manipulação online, porque a prescrição é personalizada. E a farmácia de manipulação não pode manter medicamentos em série, porque é fórmula personalizada”, diz Mussolini. Denúncias e limitações na atuação da Anvisa As denúncias enviadas pelo Sindusfarma à Anvisa se referem à propaganda irregular de medicamentos; manipulação de medicamentos protegidos por patentes; distribuição de amostras grátis de produtos manipulados e venda de produtos manipulados em marketplaces. A Anvisa tem laboratórios certificados por ela que poderiam, de tempos em tempos, fazer análises físicas de produtos de farmácias, segundo Mussolini. O Sindusfarma diz que sempre defendeu essa investigação efetiva, mas reconhece que a agência hoje não tem ‘braço’ para isso e ‘mal consegue’ registrar produtos. “Legislação a gente tem. A gente precisa melhorar a fiscalização dessa legislação. A nossa agência é extremamente competente no momento em que ela registra o produto”, analisa Mussolini. Anvisa fiscaliza produtos produzidos em série ou lotes A Anvisa informou o g1 que as análises de controle de qualidade do órgão “são focadas em produtos produzidos em série ou lotes”. A fiscalização das farmácias de manipulação é feita por parte dos órgãos de vigilância sanitária locais. “Eventualmente, apreensões de produtos acabados ou de matérias primais podem ser realizadas para fins de fiscalização”, diz a Anvisa. O Programa Nacional de Verificação da Qualidade de Medicamentos (Proveme) da Anvisa era a estratégica do órgão junto aos demais entes do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS) para realizar ensaios de controle de qualidade em medicamentos disponíveis ao consumo no Brasil até 2018. Na última edição do Proveme, ocorrida entre 2016 e 2018, foram emitidos 601 laudos de análise, dos quais 88 tiveram como resultado a reprovação das amostras. De lá pra cá, a Anvisa promoveu uma “mudança na estratégia de monitoramento da qualidade dos medicamentos, do Proveme para projetos específicos, para permitir à Agência uma avaliação contínua dos riscos associados aos produtos disponíveis no mercado”. Com essa nova abordagem, os projetos de monitoramento analítico da qualidade de produtos passaram a ser iniciados e conduzidos conforme a identificação de riscos específicos. No momento, estão em andamento, por exemplo, dois programas de monitoramento: dos dados analíticos de liberação de lote de imunoglobulinas (proteínas produzidas pelo sistema imunológico para identificar e neutralizar vírus, bactérias, fungos e outras substâncias estranhas ao organismo) e de meropeném (antibiótico da classe dos carbapenêmicos, usado para tratar infecções bacterianas graves). Segundo Mychelle Alves, diretora do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) da Fiocruz, na maior parte das vezes, as fórmulas estão corretas, mas esporadicamente ocorrem erros na rotulagem de medicamentos. Farmácias de manipulação são fiscalizadas por vigilância sanitárias locais O Instituto Municipal de Vigilância Sanitária do Rio de Janeiro (IVISA-Rio) informou ao g1 que tem cerca de 2.200 drogarias cadastradas em seu sistema, das quais 236 são farmácias de manipulação inspecionadas conforme o cronograma anual de renovação do licenciamento sanitário. Em 2025, até o momento, o IVISA-Rio realizou em torno de 90 inspeções presenciais em farmácias de manipulação, enquanto cerca de 150 passaram pela análise documental para monitoramento de processos e da qualidade de produtos e serviços. Vigilância Sanitária de Belo Horizonte informa que que, em 2025, já foram realizadas: 187 fiscalizações em comércios varejistas de produtos farmacêuticos com manipulação de fórmulas; 743 fiscalizações em comércios sem manipulação e 48 fiscalizações em comércios de produtos farmacêuticos homeopáticos. Já o Centro de Vigilância Sanitária (CVS) do Estado de São Paulo informa que, em 2025, foram realizadas 21.772 fiscalizações em farmácias de manipulação de medicamentos e drogarias em todo o estado. No município de São Paulo, as ações ocorreram em 3.117 estabelecimentos. Atualmente, 17.715 drogarias e 2.452 farmácias de manipulação de medicamentos são licenciadas junto à vigilância sanitária. Caso emblemático: o escândalo do Microvlar Casos de pílulas de farinha foram destaque na mídia em 1988. Na época, o Ministério da Saúde determinou a retirada do mercado do anticoncepcional Microvlar, fabricado pela Schering do Brasil, ordenou a paralisação da produção e, posteriormente, interditou a fábrica. O laboratório afirmou que produziu mais de 600 mil cartelas com o material para testar uma máquina, mas não sabia quantas foram parar em farmácias. O presidente da fábrica no Brasil disse acreditar que o produto, que deveria ser incinerado, havia sido roubado e colocado no mercado. A empresa foi multada em R$ 2,7 milhões, na época. Projetos de rastreabilidade não avançaram Projetos de lei que defendiam a rastreabilidade de medicamentos desde a produção até a venda não avançaram porque encareciam muito o valor do produto. Mas apesar de não existir hoje um código único para cada caixa de remédio, a indústria sabe para quem vende, porque conhece os lotes. “A farmácia sabe quando compra um produto falsificado porque ela não compra de um distribuidor devidamente cadastrado na Vigilância Sanitária. O dono da farmácia sabe que está comprando um produto fora da regra porque não está comprando com nota fiscal. Toda a cadeia é muito regulada - a indústria, o distribuidor, o transportador e a farmácia”, diz Mussolini. 'Chip da beleza': Anvisa suspende manipulação, comercialização, propaganda e uso de implantes hormonais manipulados Implantes hormonais que pegam carona nos 'chips da beleza' eram feitos em farmácia e vendidos como tratamento, mesmo sem comprovação 8. O mercado farmacêutico em números Um relatório do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma)/IQVIA informou que em 2023 o mercado farmacêutico brasileiro teve faturamento de cerca de US$ 35,6 bilhões, o que representa cerca de 2,7% do mercado mundial. Com base nos dados IQVIA de 2024, o Brasil ocupa a oitava posição mundial em consumo de medicamentos. De acordo com o relatório “Implementation of the Nagoya Protocol on Access to Genetic Resources and Benefit Sharing (ABS) – Third Phase”, elaborado no âmbito do projeto Diálogos Setoriais União Europeia–Brasil, país é um mercado promissor, mas 70% das matérias-primas e produtos são importados. 9. O papel do farmacêutico no combate a falsificação O CFF destaca que identificar possíveis sinais de adulteração está entre as responsabilidades do farmacêutico. Para garantir a segurança do paciente e a efetividade dos medicamentos, esse profissional inspeciona embalagens, verifica lotes, selos de autenticidade, prazos de validade e acompanha a resposta terapêutica dos pacientes, podendo identificar falhas de eficácia associadas ao uso de produtos adulterados. A recomendação do CFF é que farmacêuticos: Comprem medicamentos de fontes conhecidas e confiáveis; Alertem os pacientes sobre os perigos de comprar medicamentos pela internet; Confirmem com os distribuidores se os produtos foram comprados de fabricantes ou outras fontes confiáveis; Monitorem alertas de produtos falsificados; Examinem os produtos em busca de aparência suspeita; Trabalhem com a indústria farmacêutica, distribuidores e à Anvisa para fechar lacunas na cadeia de suprimentos, especialmente para medicamentos em falta; Usem tecnologia digital na farmácia como parte de um processo de verificação de prescrições; Eduquem a si mesmos, colegas de trabalho e pacientes sobre os riscos de medicamentos falsificados; Denunciem medicamentos suspeitos a Anvisa, ao distribuidor e ao fabricante. 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FONTE: https://g1.globo.com/saude/noticia/2025/11/15/confira-os-medicamentos-mais-falsificados-no-brasil-e-veja-como-se-proteger-novela-tres-gracas-faz-alerta.ghtml


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