Lula 'feliz', 'presente de Natal' e 'desfecho positivo': veja repercussão após EUA retirarem tarifas de produtos brasileiros
20/11/2025
(Foto: Reprodução) EUA retiram tarifas de 40% de alguns produtos brasileiros
O governo dos Estados Unidos anunciou nesta quinta-feira (21) a retirada da tarifa de 40% de alguns produtos brasileiros, decisão publicada pela Casa Branca. A decisão é válida para produtos que entraram nos EUA a partir de 13 de novembro.
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A seleção inclui carne bovina, café, açaí, cacau e diversos outros produtos. São mais de 200 itens que foram acrescentados à lista de exceções do tarifaço aplicado ao Brasil.
Na semana passada, os Estados Unidos já haviam reduzido as tarifas de importação de cerca de 200 produtos alimentícios, incluindo café, carne, açaí e manga. Para o Brasil, as taxas haviam caído de 50% para 40%.
Agora, a tarifa para os produtos brasileiros como o café e a carne, que aparecem nas duas decisões da Casa Branca, retorna para os patamares anteriores ao tarifaço de Trump.
Veja o que setores e autoridades dizem sobre a decisão:
Lula, presidente do Brasil
O presidente Lula afirmou estar "feliz" com a decisão do governo Donald Trump de começar a retirar tarifas adicionais sobre produtos brasileiros. Ele comparou o momento atual à crise internacional de 2008 e disse que não costuma reagir "com 39 graus de febre".
"Estou feliz. Me lembro que quando houve a crise de 2008, quando o mundo todo estava caindo, eu dizia que seria uma "marolinha" no Brasil -- e foi. Agora, quando presidente dos EUA tomou a decisão de fazer a super taxação, todo mundo fica nervoso, mas eu não costumo tomar decisão com febre. E hoje estou feliz porque o presidente Trump decidiu reduzir algumas taxações", afirmou o presidente, em São Paulo.
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Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC)
O setor de carnes comemorou a decisão por considerar que reforça a estabilidade no comércio dos países e mantém condições equilibradas. Em nota, afirmou a "medida demonstra a efetividade do diálogo técnico e das negociações conduzidas pelo governo brasileiro, que contribuíram para um desfecho construtivo e positivo".
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Marcos Matos, diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé)
Representante do setor de café considerou um "presente de Natal antecipado" a decisão dos EUA em incluir o café entre os produtos que terão as tarifas retiradas. Ele citou a decisão anterior que envolvia o mundo inteiro, a qual piorou a situação dos cafeicultores brasileiros.
"Agora estamos com isonomia, vamos procurar recuperar todos os espaços com as marcas. Foi um trabalho muito intenso dos nossos parceiros nos EUA, principalmente após a última modificação da ordem executiva. Para nós, é um momento de celebração, um presente de natal antecipado. Vamos concorrer com nossa sustentabilidade e competitividade em pé de igualdade, como a gente sempre quis", afirmou ao g1.
Confederação Nacional da Indústria (CNI)
Em nota, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) classificou como um como um “avanço concreto” a decisão dos Estados Unidos de retirar a alíquota de 40% aplicada a parte da pauta exportadora brasileira. Para a entidade, o gesto norte-americano alimenta a expectativa de avanço nas negociações que envolvem também os bens industriais — justamente os mais afetados pelo tarifaço.
"Vemos com grande otimismo a ampliação das exceções e acreditamos que a medida restaura parte do papel que o Brasil sempre teve como um dos grandes fornecedores do mercado americano”, afirmou Ricardo Alban, presidente da CNI, em nota à imprensa.
Amcham Brasil, Câmara Americana de Comércio para o Brasil
A Câmara Americana de Comércio para o Brasil definiu como "muito positiva" a decisão dos Estados Unidos e reforçou a necessidade de intensificar o diálogo entre Brasil e EUA para "estender a eliminação dessas sobretaxas aos demais produtos ainda impactados".
"A medida representa um avanço importante rumo à normalização do comércio bilateral, com efeitos imediatos para a competitividade das empresas brasileiras envolvidas e sinaliza um resultado concreto do diálogo em alto nível entre os dois países", disse a Amcham, em nota.
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Carlos Fávaro, ministro da Agricultura
O ministro classificou como “excelente notícia” e “tranquilizadora” a decisão dos Estados Unidos de retirar a tarifa adicional de 40% sobre parte dos produtos brasileiros. “É uma excelente notícia e muito tranquilizadora, porque é boa para os produtos brasileiros e para os consumidores americanos”, afirmou.
"Ainda tem muito a negociar, mas para a agropecuária brasileira foi excelente", afirmou e citou o presidente Lula. "Como diz o presidente Lula, não tem assunto proibido. Tudo é possível no diálogo de alto nível".
Gleisi Hoffmann, ministra da Secretaria de Relações Institucionais
"Essa é uma grande vitória do presidente Lula na defesa do país. Desde o primeiro momento ele se manteve firme diante dos ataques à nossa soberania, mobilizou a sociedade e contou com o trabalho de uma grande equipe de negociadores, sob a comando do vice-presidente Geraldo Alckmin em coordenação com o Itamaraty. Vitória do Brasil e enorme derrota dos traidores da pátria, Jair e Eduardo Bolsonaro, e daqueles que comemoraram o tarifaço contra o país, como o governador Tarcísio de Freitas e outros mais", afirmou, em publicação na rede social X.
Eduardo Bolsonaro (PP-SP), deputado federal
Filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o deputado federal, que está nos Estados Unidos, afirmou que a diplomacia brasileira "não teve qualquer mérito" na decisão do governo Trump. Segundo ele, a imposição das taxas se deve à "instabilidade jurídica" causada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
"A tarifa-Moraes de 50% sobre a maioria dos produtos brasileiros é consequência direta da crise institucional causada pelo ministro Alexandre de Moraes, cujos abusos já preocupam o mundo e afetam a confiança internacional no Brasil", escreveu no X.
"É preciso ser claro: a diplomacia brasileira não teve qualquer mérito na retirada parcial dessas tarifas de hoje. Assim como beneficiou outros países, a decisão dos EUA decorreu apenas de fatores internos, especialmente a necessidade de conter a inflação americana em setores dependentes de insumos estrangeiros".
Leia a íntegra do documento que retirou tarifas de 40% de produtos brasileiros nos EUA
Luis Rua, secretário de comércio e relações internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária:
Responsável pela área de relações exteriores do ministério, Luís Rua afirmou que além de carne, café e frutas, a decisão é "muito importante" para água de coco e castanhas, cadeias produtivas também incluídas na retirada de tarifas.
"É uma excelente notícia para o Brasil, que é um importante provedor de alguns produtos agropecuários, e agora passa novamente a ter acesso competitivo ao relevante mercado dos EUA, apoiando assim na estabilização de preços para alguns produtos", afirmou.
Lindberg Farias, líder do PT na Câmara dos Deputados
Líder do PT na Câmara, deputado federal exaltou a "liderança" do presidente Lula, o "trabalho estratégico" do vice-presidente Geraldo Alckmin e a "diplomacia firme e competente" do ministro Mauro Vieira, para a decisão dos EUA.
"A medida fortalece o setor produtivo primário do nosso país, reduz custos e amplia a competitividade dos nossos produtores. É resultado direto de uma política econômica alinhada com uma política externa profissional que negocia, dialoga e constrói soluções em vez de gerar crise, isolamento e entrega de soberania. Com diálogo real, diplomacia ativa e compromisso com o interesse nacional, o Brasil volta a ocupar seu lugar como ator confiável, previsível e relevante nas grandes mesas globais", escreveu em sua página na rede social X.
Paulo Figueiredo, aliado de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos
Figueiredo repetiu o termo de "tarifa Moraes" usada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro e amenizou a decisão dos Estados Unidos e considerou como uma "continuidade" das quedas de tarifas ocorridas na última semana.
"As vezes, é uma tarefa inglória ficar destruindo narrativas, mas se alguém se der ao mínimo de trabalho vai ver que a Ordem Executiva de Trump retirando a Tarifa-Moraes de alguns produtos do Brasil é uma continuidade, inclusive com o texto atribuindo a negociações bem sucedidas, da EO [Executive Order] que ele emitiu na semana passada a tantos outros países. Lula vai reclamar o crédito desta também?", escreveu no X.
Humberto Costa (PT-PE), integrante da Comissão de Relações Exteriores e Defesa nacional
"Mais de 1.200 produtos brasileiros tiveram as sobretaxas retiradas pelos EUA. A decisão do presidente Trump é fruto direto do trabalho do presidente Lula. Uma vitória do diálogo e uma derrota para os traidores da pátria que tanto se esforçaram para prejudicar a nossa economia", escreveu na rede social X.
Donald Trump, presidente dos EUA, e Lula, do Brasil, durante encontro na Malásia, no dia 26 de outubro
Evelyn Hockstein/Reuters