PF tem informação de que interrupção em tornozeleira de Bolsonaro não foi falta de bateria
22/11/2025
(Foto: Reprodução) PF tem informação de que tornozeleira de Bolsonaro não ficou sem bateria e avaliará necessidade de perícia
A Polícia Federal (PF) tem informação de que a intercorrência na tornozeleira do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) informada pela Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seape-DF) ao Supremo Tribunal Federal (STF) não foi falta de bateria.
A violação da tornozeleira foi o fato decisivo para a prisão de Bolsonaro. A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, aponta que o ex-presidente tinha elevado risco de fuga durante a vigília convocada pelo filho, Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
A Seape-DF vai enviar um relatório sobre a tornozeleira eletrônica direto para o STF. A partir dessas informações, o ministro Alexandre de Moraes pode pedir investigação e perícia adicionais à PF.
A ordem expedida por Moraes também apontou risco à ordem pública. Bolsonaro foi preso em casa na manhã deste sábado (22) e levado à sede da Polícia Federal em Brasília. Ele vai passar por uma audiência com um juiz no domingo (23).
A prisão é preventiva, sem prazo determinado, e foi solicitada pela PF ao STF. A Procuradoria-Geral da República (PGR) concordou com a prisão.
Bolsonaro mostra tornozeleira após encontro com deputados aliados na Câmara
Adriano Machado/Reuters
A Polícia Federal pediu a prisão preventiva do ex-presidente Bolsonaro ao STF por volta das 23h desta sexta-feira (21), com base na convocação de uma vigília por Flávio Bolsonaro.
Ao analisar a representação feita pela PF, o relator do processo no STF, ministro Alexandre de Moraes, foi informado pelo Centro Integrado de Monitoração Eletrônica (Cime), do Distrito Federal, que Bolsonaro havia tentado violar a tornozeleira eletrônica às 0h08 deste sábado (22).
Veja abaixo a cronologia:
Por volta das 17h de sexta-feira (21)
Senador Flávio Bolsonaro (PL-SP) convoca, pelas redes sociais, uma vigília próxima à casa do ex-presidente Jair Bolsonaro, no bairro Jardim Botânico, em Brasília. O convite previa que a vigília começaria às 19h deste sábado (22).
Por volta das 23h de sexta-feira (21)
A Polícia Federal pede ao Supremo Tribunal Federal (STF) a prisão preventiva de Bolsonaro com base na convocação feita por Flávio.
A PF afirmou haver "a possibilidade concreta de que a vigília convocada ganhe grande dimensão, com a concentração de centenas de adeptos do ex-presidente nas imediações de sua residência, estendendo-se por muitos dias, de forma semelhante às manifestações estimuladas pela organização criminosa nas imediações de instalações militares, especialmente no final do ano de 2022".
Para a PF, havia risco de a vigília dificultar que Bolsonaro cumprisse a pena de prisão no processo da tentativa de golpe, que está próximo de ser encerrado.
"Tal fato [a vigília] tem o condão de gerar um grave dano à ordem pública, podendo inclusive inviabilizar o cumprimento de eventuais medidas em decorrência do trânsito em julgado da ação Penal 2.668/DF [da trama golpista], ou exigir o indesejável emprego de medidas coercitivas pelas forças de segurança pública para o seu cumprimento, colocando em risco a segurança de moradores do condomínio de residência e imediações, apoiadores, policiais designados para a missão e até mesmo o condenado e seus familiares", afirmou a PF.
0h08 de sábado (22)
Em paralelo ao pedido da PF, o Centro Integrado de Monitoração Eletrônica (Cime), ligado à Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal, registra a "ocorrência de violação" da tornozeleira eletrônica usada por Bolsonaro.
O Cime informou nesta manhã, em nota, que não fornece detalhes sobre casos concretos. Alexandre de Moraes registrou a comunicação do órgão.
"O Centro de Integração de Monitoração Integrada do Distrito Federal comunicou a esta Suprema Corte a ocorrência de violação do equipamento de monitoramento eletrônico do réu Jair Messias Bolsonaro, às 0h08min do dia 22/11/2025. A informação constata a intenção do condenado de romper a tornozeleira eletrônica para garantir êxito em sua fuga, facilitada pela confusão causada pela manifestação convocada por seu filho", escreveu o ministro.
1h25 de sábado (22)
Acionado por Moraes, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, assina um parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR) informando que não se opunha à prisão preventiva solicitada pela PF.
"Diante da urgência e gravidade dos novos fatos apresentados, a Procuradoria-Geral da República não se opõe à providência indicada pela Autoridade Policial", afirmou Gonet ao Supremo.
Ordem de prisão
Moraes decreta a prisão preventiva do ex-presidente por ver risco de fuga nos fatos novos — a vigília convocada por Flávio e a tentativa de violação da tornozeleira eletrônica. A decisão é tomada na madrugada, após o ministro consultar a PGR — não há um horário expresso no documento.
"Não bastassem os gravíssimos indícios da eventual tentativa de fuga do réu Jair Messias Bolsonaro acima mencionados, é importante destacar que o corréu Alexandre Ramagem, a sua aliada política Carla Zambelli, ambos condenados por esta Suprema Corte; e o filho do réu, Eduardo Nantes Bolsonaro, denunciado pela Procuradoria-Geral da República no Supremo Tribunal Federal, também se valeram da estratégia de evasão do território nacional, com objetivo de se furtar à aplicação da lei penal", afirmou Moraes na decisão.
O ministro determina que a prisão seja cumprida na manhã deste sábado, "com todo o respeito à dignidade do ex-presidente [...], sem a utilização de algemas e sem qualquer exposição midiática", e que Bolsonaro fique recolhido na Superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal.
Por volta das 6h de sábado (22)
A PF vai até o condomínio do ex-presidente e cumpre a ordem de prisão. Bolsonaro é levado em um comboio de veículos para a Superintendência da PF, na Asa Sul, em Brasília.