Rio não renova contratos com creches ligadas à vereadora Gigi Castilho; unidades já receberam mais de R$ 70 milhões
24/11/2025
(Foto: Reprodução) Vereadora Gigi Castilho
Reprodução/TV Globo
A Prefeitura do Rio decidiu não renovar os contratos com as creches comunitárias ligadas à vereadora Gigi Castilho, do Republicanos.
A informação foi publicada no Diário Oficial do município em um ato da Subsecretaria de Gestão da Secretaria Municipal de Educação, que comunicou a “não renovação dos termos de colaboração para o ano de 2026”.
Atualmente, a Secretaria mantém termos de colaboração com seis unidades da Creche Comunitária Deus é Fiel e quatro unidades da Creche Escola Machado. Os contratos, assinados desde 2019, atendem mais de dois mil alunos da rede municipal de ensino.
As creches foram fundadas por Gigi Castilho e pelo marido, Luciano Castilho, que deixaram a direção das unidades em 2020.
Um levantamento do gabinete do vereador Pedro Duarte (NOVO) aponta que, desde 2019, as duas redes receberam R$ 72,4 milhões com os contratos celebrados com a Prefeitura do Rio.
Em junho, uma reportagem do RJ2 revelou que as creches conveniadas teriam destinado R$ 1,7 milhão, entre 2022 e 2023, a empresas de parentes ou pessoas próximas da vereadora e do marido.
Os pagamentos foram feitos a padarias, hortifrutis e confecções que, em muitos casos, estavam registradas em endereços sem atividade comercial — indício de empresas fantasmas.
A Polícia Civil instaurou inquérito e, no início do mês, a Delegacia de Defraudações cumpriu 29 mandados de busca e apreensão em endereços das supostas empresas e na casa de Gigi Castilho.
As investigações apuram desvio de verba pública e possíveis fraudes nos contratos das creches.
Entre as empresas investigadas está uma padaria registrada em nome da filha da vereadora, Andreza dos Santos Adão. O endereço, uma vila residencial na Zona Oeste, é apontado por moradores como local onde nunca funcionou nenhum comércio.
O Tribunal de Contas do Município (TCM) também analisa supostas irregularidades nos contratos.
Segundo as apurações, empresas de fachada eram usadas para emitir notas fiscais superfaturadas e justificar contratos que serviriam apenas para escoar dinheiro público.
A polícia identificou ainda que, em seis meses, uma das creches recebeu cerca de R$ 9 milhões em repasses e realizou 816 saques em espécie, totalizando R$ 1,7 milhão — números considerados incompatíveis com a rotina de uma creche.
Relatos de ex-funcionários acrescentaram novas denúncias. Alguns afirmaram que Luciano Castilho, marido de Gigi, deixou cair uma sacola com dinheiro enquanto tentava fugir durante uma visita policial.
Em nota, o advogado da vereadora, Márcio Delambert, afirmou que Gigi Castilho “não possui qualquer vínculo executivo com as creches”, que não é investigada e que “todas as acusações serão devidamente esclarecidas no momento oportuno”. A defesa também ressaltou que as unidades atendem mais de dois mil alunos com “altíssimo padrão de qualidade e sem igual”.
O g1 entrou em contato com a Secretaria Municipal de Educação, mas ainda não obteve resposta.
TCM investiga contratos de creches ligadas à família da vereadora Gigi Castilho